Quem é servidor público sabe: a legislação é ampla e, por vezes, complexa. Entre os direitos previdenciários, a pensão por morte — que garante renda aos dependentes em caso de falecimento do servidor — é um dos que mais geram dúvidas. E o cenário de incertezas aumentou com a Reforma da Previdência, aprovada em 2019 pela Emenda Constitucional 103, que trouxe mudanças significativas sobre esse assunto.
Afinal, quem tem direito à pensão em caso de morte do servidor público? Como é feito o cálculo? Quanto tempo dura o benefício?
Neste artigo, explicaremos de forma clara as novas regras e seus efeitos para servidores e familiares.
O que é a pensão por morte?
A pensão por morte é um benefício previdenciário pago aos dependentes de um servidor público falecido. Ela tem como objetivo garantir uma fonte de renda para a família que dependia financeiramente do servidor. Antes da Reforma da Previdência, as regras para concessão desse benefício eram mais amplas, mas a reforma trouxe mudanças importantes.
Quem tem direito?
De acordo com as regras atuais, os dependentes que podem receber a pensão por morte são:
1. Cônjuge ou companheiro(a): em caso de união estável, é necessário comprovar a convivência por pelo menos dois anos.
2. Filhos: menores de 21 anos ou, se maiores, incapazes para o trabalho devido a alguma deficiência.
3. Pais: desde que comprovem dependência financeira do servidor falecido. Vale ressaltar que, em caso de múltiplos dependentes, o valor da pensão é dividido igualmente entre eles.
Como funciona o cálculo?
Uma das principais mudanças trazidas pela Reforma da Previdência, em 2019, foi a alteração no cálculo do valor da pensão por morte. Antes desse novo regramento, o benefício correspondia a 100% da remuneração do servidor falecido. Agora, o valor é calculado da seguinte forma:
- 50% da aposentadoria que o servidor recebia (ou teria direito) + 10% por dependente.
- (o valor total não pode ultrapassar 100% da aposentadoria)
Por exemplo, se um servidor falecido tinha direito a uma aposentadoria de R$ 5.000,00 e deixou dois dependentes, o cálculo seria: 50% de R$ 5.000,00 (R$ 2.500,00) + 10% por dependente (R$ 1.000,00) = R$ 3.500,00.
Quanto tempo dura o benefício?
Outra mudança importante foi a limitação do tempo de duração do benefício. Antes da reforma, a pensão por morte era vitalícia para o cônjuge ou companheiro(a).
Agora, o benefício tem prazo determinado:
1. Cônjuge ou companheiro(a): a pensão é paga enquanto o dependente não se casar ou constituir nova união estável. Além disso, o valor é reduzido em 20% a cada ano, a partir do segundo ano de recebimento, até atingir o limite mínimo de um salário-mínimo.
2. Filhos: o benefício é pago até completarem 21 anos ou enquanto permanecerem incapazes para o trabalho.
3. Pais: a pensão é paga enquanto comprovarem dependência financeira.
E os servidores que já estavam no serviço público antes da reforma?
Uma das grandes preocupações dos servidores públicos é saber se as novas regras valem para todos ou apenas para quem ingressou no serviço público após a reforma. Nesse sentido, a Emenda Constitucional 103 estabeleceu regras de transição para proteger os direitos adquiridos:
- Servidores que já estavam no serviço público antes da reforma: continuam regidos pelas regras antigas, desde que cumpram os requisitos até o final de 2022.
- Servidores que ingressaram após a reforma: estão sujeitos às novas regras.
Quais os impactos da reforma para as famílias?
A Reforma da Previdência trouxe reduções significativas no valor e no tempo de duração da pensão por morte, o que pode impactar diretamente a qualidade de vida das famílias dos servidores públicos. Para muitos dependentes, a pensão é a única fonte de renda após a perda do ente querido, e as novas regras podem dificultar o sustento financeiro.
Além disso, a redução progressiva do valor da pensão para o cônjuge ou companheiro(a) pode gerar insegurança, especialmente para aqueles que não têm outras fontes de renda.
O que fazer para garantir os seus direitos?
Se você é servidor público ou dependente de um servidor, é importante estar atento às regras e buscar orientação jurídica especializada para garantir seus direitos. Algumas dicas importantes são:
1. Mantenha a documentação em dia: certidões de casamento, declarações de união estável e comprovantes de dependência financeira são essenciais para garantir o benefício.
2. Fique atento aos prazos: o pedido de pensão por morte deve ser feito o mais rápido possível após o falecimento do servidor.
3. Procure um advogado: em caso de dúvidas ou negativa do benefício, um profissional pode ajudar a garantir seus direitos.
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